sexta-feira, 23 de março de 2012

Ressentimento

Cá estou eu, em frente ao computador, a proceder com meus afazeres, quando de repente, achei por bem descer e ir até o McDonalds aqui por perto. Não foi especialmente uma boa decisão, diga-se de passagem.

Pois bem, mas o foco da conversa é outro na verdade. Estava eu sentado lá, comendo aquele rango processado, quando entram dois adolescentes. Um deles ostentava um moicano descolorido e os trajes de ambos, ao meu ver, deram a entender que eles querem ser identificados como propositalmente mal ajambrados, do tipo que gastou um tempo para ficar desleixado. Sentaram lá numa mesa e ambos sacaram iphones e ficaram lá, frente a frente, usando cada um o seu.

Algo aconteceu no meu equilíbrio mental neste instante. O homem primitivo rugiu, das cumeeiras da fúria, no pomar dos tumores, de dentro de sua prisão. Eu senti vontade de decapita-los com uma pá de coveiro. Eu queria arrastar a cara deles no asfalto. Quis fazer muito mais coisas violentas, mas não sem antes causar desconforto psicológico, inspirar medo e tentar com todas as minhas capacidades faze-los se sentirem pior.

Como não estava bêbado nem tampouco sob efeito de substancia alguma, claro que não fiz nada. O certo a se fazer é não fazer nada. No entanto me surpreendi com a intensidade desse instinto, se eu estivesse bêbado ou algo parecido eu poderia perfeitamente ter feito alguma coisa para ferir esses adolescentes de alguma forma.

Porque será que eu senti tudo isso? Um conhecido disse certa vez que o motivador para esse tipo de comportamento agressivo contra indivíduos que julgamos piores do que os outros trata-se justamente do homem primitivo dentro de nós que quer eliminar toda a possibilidade de genes fracos da face da terra. Faz sentido.

Mas não somos mais primitivos (na maioria dos casos, e na maioria do tempo) portanto, a não ser quando somos adolescentes também, não adotamos mais esse comportamente predatório.

Bom, mas voltando aqui ao caso específico, analisei com um pouco mais de atenção o que foi que motivou esses sentimentos. Ora, estou meio velho, nada mais do que isso. Punks pra mim têm outra aparência. As músicas punk pra mim são somente aquelas dos tempos do Ramones mesmo, do Black Flag e afins. Não respeito nada do que é feito hoje em dia que aparece com o rótulo de punk, tudo superproduzido, o timbre, as letras, não gosto nada disso. As pessoas faziam musica punk por um motivo que nunca poderá ser o mesmo de hoje em dia, a vida é diferente, tudo é diferente, ninguém mais se choca com nada, a não ser que se sacrifique uma criança no palco e se coma as tripas dela, ninguém vai se chocar.

Então, pra mim, que estou envelhecendo, essa merda não vale nada e por isso eu quis destruir quem anda assim e faz as vezes de punk do ABC. Sorte a deles eu não estar alcoolizado, senão eles seriam um par de punks com AVC.

Então, como estava sóbrio, só passei perto e peidei na mesa deles.

Fim de papo.

Um comentário:

Sara disse...

É importante que ler essas coisas na internet, para que possamos pensar um pouco mais, a verdade é que nós nunca começar a pensar esse tipo de coisa, eu só começar a escrever quando você parar de trabalhar em um Delivery Moema