sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Penteando os pelos do coração

vituperando o mundo, ou melhor, seus habitantes, como de costume, muito logo notei uma falha de personalidade deste que vos escreve (o mesmo que se auto intitulou senhor absoluto da verdade e sentou no trono da presunção) que é, quase que automatica e incontrolavelmente, notar de início uma falha no outro e com isso cultivar uma implicância colossal. como tenho alguns convivas os quais não só compartilham de algumas opiniões de pouco bem-querer, não só alimentam a chama das lamentações com lenha, mas com fúria contida nos dizeres deles também, de modo que não só não paro com esse maldito hábito, como evoluo na escala.

no entanto, na maioria das vezes que exteriorizo os demônios em forma de texto, tenho certa consciência de que trata-se de um caso opinião geral, sendo esse um desses casos.

pois bem, após uma manhã com sua dosagem levemente maior do que o habitual de pequenos infortúnios emocionais, gerados seja por pequenos picos de fúria ou simplesmente goles de desgosto do drink da realidade, fui alienar-me (esperançosamente de forma agradável) com colegas do trabalho na hora do almoço. eis que tive uma surpresa, até então indiferente, com relação à configuração do grupo. pessoas as quais normalmente não tenho convívio, por não ter motivos para o tal (muita gente trabalha aqui).

o caso é que um deles tinha uma certa fama, que veio a se justificar posteriormente, legendária de chato. ora, deve ser falácia de desafetos, ademais não se pode condenar sem critérios nem provas. pois bem, fui caminhando meio macambúzio para o destino de nosso desjejum. esperamos, arrumamos um lugar e nos sentamos. foi quando começou um suceder de procederes verbais do tal indivíduo.

logo no primeiro assunto levemente mais polêmico, discordei profundamente e cometi o engano de contra-argumentar, claro que de forma cortês. inutilmente, fui secamente interrompido, o que me irritou sobremaneira e fez com que eu adotasse uma postura observadora e com um quê de curiosidade, afinal de contas agora estava estudando afundo o comportamento do tão falado "chato". comecei a compreender a origem da fama, um sujeito presumido o qual não para de falar, sempre com um tom professoral de quem sabe sobre algo que ninguém mais sabe - mesmo estando profundamente enganado em alguns casos. bem, mesmo que estivesse certo, quem disse que ninguém mais sabe sobre tal assunto em particular? ora, convenhamos.

bem, passada a etapa do discurso em que a temática era destilar o "conhecer" para nós pobres almas iliteradas, começou a jactar-se energicamente sobre sua viagem de lua-de-mel (a qual ninguem perguntou coisa alguma). até aí, vá lá, tudo bem, qualquer um fica empolgado com uma situação assim, tão especial e particular. ah, mas foi aí que veio a cereja, a grande e podre cereja para coroar uma taça repleta de bosta verbal, com um parágrafo relatando determinado evento que terminou sua descrição assim : "(...) foi poesia cara!"

Naquele exato momento, autenticamente, desejei que alguém se levantasse de sua mesa, caminhasse até mim e me desse um tiro na cara, pois depois de ouvir tudo aquilo tinha perdido a vontade de viver (por algums momentos, claro).

caminhei de volta, com uma fornalha de fúria assando minhas entranhas, sentei-me na minha mesa e digeri tudo isso até agora.

fim de papo.

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