sábado, 12 de novembro de 2011

Cretinice Noturna

Ressuscitado dos confins do esquecimento, cá estou. Um pouco mais sereno e menos amargo, no entanto, não menos apreciador de nulidades. Pois bem, acontece que recentemente ouvi um algo que me fez gargalhar, o que fazia tempo que não acontecia e que é raro.

Dois dos meus amigos se encontram com frequencia a fim de jantarem em algum lugar às segundas feiras e depois assistirem um filme de terror na casa de um deles. Até aí, nada de mais, um encontro entre amigos com interesses em comum, fato tão normal quanto arrotar após uma sequencia de goles de refrigerantes.

Sim, seria normal, não fosse o que aconteceu no porvir. Cabe dizer, por mais que pareça desnecessário, que um deles é uma sumidade no assunto black metal, filmes de terror, obscuridades e literatura tenebrosa, apesar de se trajar como um cidadão convencional. Quero dizer, sua indumentária não entrega seus gostos ou preferências. No entanto, por dentro dos corredores de sua cabeça ele fantasia sobre cenas grotescas, chicotadas de satanás, barbaridades nas cumeeiras dos quintos dos infernos, essas coisas. Certa vez, sua casa precisou ser reformada, porque, no teto do quarto dele, na pequena área que correspondia à área da cama dele, a madeira do forro apodreceu e caiu em cima da cama. Somente ali e em mais nenhum lugar. Por mais cético que eu seja, isso foi particularmente assustador.

Pois bem, de volta ao que interessa. Numa segunda feira costumeira, foram os dois jantar, depois foram ver o filme de terror como sempre e o amigo visitante achou por bem passar a noite lá, estava tarde e não queria tomar taxi.

No meio da madrugada, o visitante foi até o banheiro, precisa mijar com urgência. Quando estava quase mijando, ouviu um grito tenebroso, altíssimo, um grito tão fodido que nem Satanás ensinaria um grito assim na escola do inferno.

Claro que ele se cagou de medo, em suas próprias palavras disse nunca ter sentido um medo tão forte, medo primevo, os braços formigaram e a visão ficou turva, tamanho o terror. Por conta desse medo, ele soltou um grito de magnitude parecida. Na sequencia ouviu mais um grito vindo do quarto, um pouco diferente dessa vez. Com isso, um pouco mais calmo, foi até o quarto do nosso amigo anfitrião e acendeu a luz.

Segue a descrição da cena com as palavras da testemunha: "Eu acendi a luz e lá estava o fulano, de cuecas e de quatro na cama, assustado perguntando o que tinha acontecido. Fiquei puto da vida achando que ele estava me sacaneando!"

Até agora não fez o menor sentido. Até eu entender o que tinha acontecido de fato. O anfitrião, o especialista e black metal e coisas funestas, grita enquanto dorme, esses gritos absurdos. O coitado do visitante não sabia, aliás quem iria saber uma coisa dessas, gritou de medo mesmo. O seu grito de medo acordou o outro que no susto gritou de volta, que ficou tão transtornado também que se pôs de quatro a tatear a própria cama. Rárárá!

Fim de papo!

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